quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A minha pessoa pequenina

Eu estava acomodada. Não estava bem, não estava feliz, estava básicamente acomodada e essa é a melhor e a correcta expressão para descrever alguém que não estando bem nem feliz, também não faz nada para mudar a sua situação. Não procura, não reage, não faz nada a não ser lamentar-se e acomodar-se.
Foi após sentir a responsabilidade de ter alguém que dependia de mim, que me apercebi que estar acomodada não era o melhor para mim nem para a nova pessoa na minha vida, se eu não fosse feliz ela também certamente não seria. Foi essa pessoa na minha vida que me fez perceber do que é que eu de facto gostava e que lutar por aquilo que queria era importante, sem desculpas, sem comparações, sem olhar para os outros.
Um dia, bafejada pela sorte, a minha vida profissonal mudou. Foi muito importante para mim sentir que afinal eu até podia exercer a minha profissão. Tornei-me melhor pessoa, mais realizada, apesar da instabilidade constante. Gostar do nosso trabalho, apesar de todas as contrariedades que surgem todos os dias, o desgaste e as horas de trabalho em casa, torna-nos melhores pessoas e melhores profissionais. Isto tudo para dizer, que sou muito feliz e o medo de vir a perder o emprego não é algo que me tire o sono (deve ser pecado dizer isto), não seria nada de novo para mim. Não seria nada de transcendente, seria mais uma contrariedade da vida, que a vida já me ensinou a ultrapassar. Assim sendo, não me massacrem mais com anseios e medos sobre a minha carreira, que eu agora estou muito bem.

Cate Blanchett

Sem comentários: