sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Quando sinto a tristeza a instalar-se começo a emudecer, mas continuo a falar na minha cabeça. O silêncio é só para os outros porque na verdade o meu discurso continua, mas para mim mesma e assim não me apercebo que não falo. Quando sinto a tristeza a chegar, sento-me a ver a roupa a lavar dentro da máquina. Fico ali a ver.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Adopção

"Eu não quero mais filhos, ou melhor quero adoptar um de cor". Esta frase é praticamente um cliché, acho que todos já a ouvimos uma vez na vida, seja proferida por colegas, amigos, familiares, ou até escutada num qualquer transporte público. Eu ouvi esta frase por parte de uma colega já com um filho biológico. A minha reacção imediata era perguntar-lhe : " e de que cor queres?", porém o treino sistemático de filtrar o pensamento que sai do meu cérebro até proferir qualquer coisa pela boca está a dar resultados e não disse nada, até porque seria enriquecedor ouvir que outras pérolas essa minha colega teria para dizer. Essa decisão não se prende com qualquer vocação para ser mãe de coração, por querer ser mãe, mas ter qualquer trauma do parto, qualquer afinidade com algum PALOP. Não sei, simplesmente quer adoptar uma criança de cor... E eu já mãe, pensei na adopção.
Ser mãe de coração é aceitar de coração nas mãos uma qualquer criança, de qualquer idade, é despojar de nós mesmas projectos, idealizações e sonhos, é aceitar uma criança com um passado, com os seus traumas a juntar aos nossos. Ser mãe de coração é ver a adopção não como segunda escolha, mas como a escolha. Ser mãe de coração é respeitar os medos, silêncios, fracassos e vitórias de um filho que não tem os nossos olhos, nem mexe no cabelo como o pai. Quando pensei seriamente na adopção, percebi que agora só consigo amar os filhos que saem de dentro de mim e ganhei uma admiração e respeito cada vez maior por quem ama os filhos dos outros como seus.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Tem uns olhos grandes, lindos, pestanudos e castanhos que tudo perguntam. É linda a minha I.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Que bom os dias de sol em janeiro.
Que bom ir ao mercado comprar fruta e legumes fresquinhos.
Que bom estar com a I.
Que bom estar uma hora ao telefone.
Que bom viver perto da praia.
Que bom ter um baloiço no jardim.
Que bom ter TV Cabo.
Que bom ensinar a I. a escrever, nem que seja de memória.
Que bom não ter limitações físicas.
Que bom conseguir respirar. Houve uma altura em que não consegui sem ajuda...
Que bom tomar café.
Que bom ler um livro.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Happy Birthday

Fonte: daqui

Os planos de sair com a mãe e a filha de manhã e desfrutar de um café num qualquer espaço convidativo, diga-se com açúcar a rodos, foi defraudado com a febre da I. Não faz mal, ainda estou de pijama. Vai ser um dia de ronha, televisão, buscar o jantar fora. Vai ser um dia de nada fazer, atender telefonemas, receber beijos e querer estar em casa e não sair.
Faço 31. Estou melhor que há dez anos atrás a idade é mesmo um posto.
Para este ano, sim posso acumular desejos de ano novo e de aniversário, desejo emprego, saúde para mim e os meus, festas e convívios, mas hoje não. Hoje não quero estar nem fazer. Hoje só quero estar em casa e deixar o dia passar.