terça-feira, 12 de junho de 2012

Ainda em estado necrófilo

é assim que está a autora.
Um dia recebemos a notícia que a P. "se tinha metido pelo mar dentro". Deixou o filho, o marido, a amante do marido. Deixou os sapatos na linha de água e a aliança lá dentro.
Sempre achei essa visão trágica, mas ao mesmo tempo pacífica. O mar a envolver-nos, perder os sentidos e partir. Morrer afogado dói? Sempre achei que não, mas aparentemente estava enganada, parece que dói, é uma morte dolorosa, aflitiva. Dizem os entendidos, porque ninguém voltou para contar. A P. estava farta da vida. A vida doía-lhe mais do que a possibilidade daquela morte e assim decidiu partir.
Nunca me esqueci da P.

Sem comentários: